Sede de Sangue (Thirst, 2009)

A simples sinopse do filme é capaz de deixar qualquer um interessado: Um padre que se importava muito com a vida das pessoas se oferece como cobaia na busca por uma cura de um vírus, o experimento não dá certo mas ao invés do padre morrer, ele sobrevive por ter recebido sangue de vampiro (imagino que vampiro doaria sangue, mas...) e a partir daí ele se encontra em um dilema ético sobre como continuar vivendo sem matar pessoas, sendo que se parar de beber sangue a doença volta e ele morre!
Pra deixar ainda mais bizarro toda a história o padre se vê em um romance doentio com a mulher de seu amigo! Bom, não se podia esperar nada menos do diretor de Oldboy.

Pra começar eu queria já deixar claro que o post é sobre filmes que recebem a classificação "terror" portanto vão existir casos, como este, em que o filme na verdade não é de terror! Só porque falam de vampiros não é motivo para ser terror, do mesmo jeito que Crepúsculo é só um romance, este é só um drama.

Com relação aos vampiros, o filme mantém suas habilidades mais básicas, mas isso não chega a ser muito explorado até porque a história é sobre o dilema enfrentado pelo padre ao se ver obrigado a tomar atitudes contrárias aos seus ideais, Só leia esta parte se já viu o filme: (MOMENTO SPOILER - desde o começo ele mostra sua idéia de que suicídio é uma passagem direta para o inferno, e mesmo assim, após tudo o que ocorre no filme ele prefere se matar do que continuar tirando vidas, causando a morte de mais inocentes.).

Roteiro, Direção e Atuação perfeitos, porém para aqueles que esperam um filme de terror, nao vejam, vão se decepcionar e muito, o filme é um drama, não esperem nada além de um drama.
A História não é apenas boa, ela foi muito bem desenvolvida, a narrativa pode parecer meio lenta mas vale a pena apreciar seu crescimento, e a mudança de caráter dos personagens enfrentando seus conflitos pessoais, tudo contado com belíssimas cenas, ótimos diálogos, e a fotografia também perfeita, o ambiente sombrio é mantido por todo o filme.
Chan-Wook Park só pode ser muito insano pra pensar nessas coisas, tema completamente original e doentio, bem seu estilo; e por existirem algumas comparações quanto à história de Crepúsculo, vou fazer uma comparação técnica, enquanto um foi feito voltado para um determinado público, inclusive até alterando características típicas de um vampiro, o coreano volta a história para onde existe maior peso: o conflito para sobreviver sem ir contra seus princípios, todo o resto é usado para formar os personagens, o roteiro é sobre esse conflito que após se tornar um vampiro o padre parece entrar em um caminho sem volta, onde o que ele mais preza é desvalorizado.
Quanto a atuação quero destacar as cenas entre Tae-joo (Kim Ok-vin) e o padre (Song Kang-ho) sempre muito intensas e insanas, fizeram um trabalho excelente mostrando esse amor doentio, como se a situação deles já não fosse bizarra o suficiente.

Se você gosta de terror ou é fan de Crepúsculo, não veja, o filme é um drama! Se é fan de Oldboy e odeia Crepúsculo, este é o seu filme. Para quem aprecia o trabalho deste diretor ou a parte técnica dos filmes, esta é uma excelente escolha!



Acabei vendo este filme por estar na procura de um terror de outro continente, mas é quase impossível, tanto que tive que me conformar com este para o post, que nem é terror de verdade, enfim, fica aqui a sugestão de alguns filmes que gostaria de ver, caso vocês tenham a sorte de encontrar acho que vale a pena assistir: (Segue os links com seus respectivos trailers)
Tucker & Dale vs Evil do Canadá
La Horde da França
The Exam do Reino Unido

Até a próxima sexta!

Túmulo dos vagalumes

(Hotaru no Haka, Japão, 1988)
Devido à falta de tempo, hoje postarei uma crítica feita por mim para a matéria de cinema da faculdade. Ficou até boa, rs. Ela diz respeito a uma das animações que mais gosto. Talvez seja a minha preferida! Espero que gostem e sintam vontade de conferir!


Para muitos de nós, ocidentais, animes são desenhos estereotipados, marcados pela existência de mundos paralelos, místicos e fantásticos; onde existem heróis dotados de poderes, animais e monstros que além de falar, possuem personalidade e caráter definido - o que pode impressionar os mais críticos e dificilmente levados pela magia da sétima arte.

"Túmulo dos Vagalumes" se afasta dessa fórmula que levou "Pokemón", "Sakura", "Naruto", "Dragon Ball Z" dentre tantos outros animes ao retumbante sucesso que perpassou as fronteiras do pequeno território nipônico. Quisera os irmãos Seita e Setsuko terem os superpoderes dos heróis japoneses, talvez dessa forma pudessem mudar seus destinos, a tragédia anunciada logo nos primeiros minutos dessa singela e poética animação de Isao Takahata.

A história se desenrola num Japão imerso em um conflito de grande magnitude, a Segunda Guerra Mundial. O diretor apresenta a visão japonesa do acontecimento, o que, obviamente, difere da ideia caricata envolvendo um patriotismo tolo e cego, ainda hoje observado em grande parte das obras cinematográficas americanas que tratam do tema, as quais colocam os EUA quando não como vítima, como grande redentor das nações dependentes de seu poderio bélico.
Apesar de poder incriminar as barbáries norte-americanas, Takahata não o faz. Ao espectador cabe visualizar a guerra a seu modo e tirar suas próprias conclusões. O diretor prefere centrar sua narrativa no carinho e companheirismo que pauta a relação entre dois irmãos órfãos que seriam ceifados pelo jogo de poder e demonstrções de força das grandes potências.

O que comove em "Túmulo dos Vagalumes" é o amor que une Seita e a pequena Setsuko, sem excluir, é claro, a desesperadora luta de duas crianças que queriam apenas viver, mesmo que diante de condições tão adversas.

A técnica

Animações requerem muito mais que um apurado trabalho estético. Assim como nas obras das demais categorias cinematográficas, é preciso ter atenção para os recursos de que dispõe o diretor, para fazer com que o desenho tenha profundidade e consiga atingir o espectador. Faz-se necessário uma ótima mixagem de som e que vozes unidas às expressões faciais dos personagens consigam traduzir o que sentem, fazendo da cena tão eficiente - emotivamente falando - quanto a de obras ficcionais envolvendo atores. Quanto a esses quesitos a animação de 1988 não peca.

Isao Takahata utilizou a técnica manual de desenho animado para a construção de "Túmulo dos Vagalumes". Em entrevista ao site especializado em anime e manga, Katana, o diretor afirmou não ter feito uso de nenhum recurso digital em todas as suas produções. A técnica manual pode ter sido uma opção ou - mais provável - a única opção, tendo em vista a onerosidade de produções computadorizadas.

As cores utilizadas no anime são predominantemente frias. Azuis de tonalidades escuras, o verde musgo, o preto e cinza são usados sem comedimento. A estratégia de optar pelas escalas de matizes carregadas tem íntima relação com o caos social instalado no Japão a partir dos ataques aliados. A guerra, o medo dos constantes bombardeios, os cenários de destruição e desolação, os céus enfumaçados e a fome não poderiam ter outras tonalidades se não as tristes e sombrias.

Já as cores vivas, claras e suaves aparecem nos poucos momentos em que cessam os bombardeios. É quando os personagens podem reconstruir o que havia sido reduzido a pó e acalentar a esperança de dias melhores.


A trilha sonora é composta por canções melódicas. A música aparece como fator complementar à utilização das cores. Harmoniosamente, pianos, órgãos e flautas tocam canções infantis e embalam os momentos de descontração, felicidade e lembranças do passado. A música parece ter o papel de materializar a inocência infantil.

Em alguns momentos o som é abruptamente interrompido pelos barulhos de gritos e sirenes que anunciam o ataque inimigo. Voltam as cores frias e tristes. Nesses momentos, o violino tem a função de criar a atmosfera de apreensão e terror.

O canto lírico nas tomadas finais unido às imagens de Setsuko brincando e sorrindo desfere no espectador o golpe cabal. Apesar da rendição japonesa em agosto de 1945, muitos dos estragos ocasionados pela guerra já não podiam ser reparados.

A vereadora antropófaga!


Vamos dizer que a "Concejala Antropofoga" é uma pequena "palinha" sobre o recente trabalho de Pedro Almodóvar. A vereadora esta presente em seu último filme, Abraços partidos, não tão explicita como em seu curta, mas está.


Almodóvar é um gênio, nem sei o que eu, mero mortal (perante à sua pessoa), posso falar em relação ao seu curta. Vou só dizer que é um monólogo maravilhoso, que mistura política e sexo de uma maneira, não explicita, mas "intensa". Claro que ele adoçou o curta com uma pitada (quase um kilo) de cocaína, que a personagem cheira, em várias pausas que ela da, enquanto está falando.

Vale muito a pena.
Almodóvar!


Precious - Preciosa (2009)

Título Original: Precious: Based on the
Novel Push by Sapphire

Gênero: Drama
Duração: 110 min
Ano de Lançamento: 2009
Direção: Lee Daniels
Roteiro: Geoffrey Fletcher, baseado em
livro de Sapphire
Produção: Lee Daniels, Gary Magness
e Sarah Siegel-Magness
Música: Mario Grigorov
Fotografia: Andrew Dunn
Direção de Arte: Matteo de Cosmo
Figurino: Marina Draghici
Edição: Joe Klotz
Efeitos Especiais: LOOK! Effects

César
Não da pra se emocionar com Preciosa. Mesmo sendo uma história sobre esperança, uma hora, os fatos não chocam o espectador. A Precious se fode de tantas maneiras, que em certo ponto, ela descobrir que tem Aids, ou fugir de casa, viram acontecimentos vazios.
É gostoso ver a atuação destruidora de Moni'que e sentir raiva do oscar não merecido de roteiro adaptado. Pra quem gosta de um drama, com visão nao muito realista do dia-a-dia, vale a pena assistir.

Daniel Corrêa
Preciosa é um programa da Oprah sem a Oprah. A história é boa até, mas tem tantas cenas enfadonhas no filme que saí do cinema quase com vergonha alheia.
Principalmente da Mo'Nique, que domina o filme. Ela foi obrigada a atuar com a bela tábua que é a Mariah Carey no filme. Quanto ao Oscar de Roteiro, vejam a cena do balde de galinha e notem que foi injusto.

Alex
Em uma frase: Tenho vergonha de dizer que vi esse filme.
Não recomendo nem pra quem gosta de dramas, existem melhores, aliás considero qualquer drama melhor que isso; "Uma História de Esperança" ? procure aqui no blog o curta kiwi e veja o que é uma história de esperança de verdade, kiwi faz em 3 minutos o que o filme não conseguiu fazer em quase 2 horas.
Saturaram a pobre da Precious com tanta coisa, e trataram toda a situação de uma forma tão surreal, em vez de ser um filme realista ele parece mais com um sonho da Oprah, e para um sonho da Oprah ganhar como melhor roteiro adaptado, o Oscar merece um gigantesco #EPICFAIL.
Por respeito a vocês me seguro para nao xingar esse filme, péssima direção, péssimo roteiro, história completamente fraca, não se sustenta nem pelas atuações. Ou seja, se você dá valor ao seu tempo, não veja Preciosa!

Denise
E o prêmio de melhor roteiro adaptado vai para: Preciosa. Foi merecido? Definitivamente não. Como meu amigo bem disse no post acima, o filme é o mundo perfeito de Oprah Winfrey.
O roteiro tenta se sustentar nas tragédias que rodeiam a vida de Claireece (Gabourey Sidibe), mas na verdade não chocam e muito menos emocionam o espectador. Me chame de insensível, mas o impacto seria maior se a história representasse mais "o mundo real", porque o personagem de Mariah Carey estava mais para fada madrinha do que assistente social.
Se não fosse pela belíssima atuação de Mo'Nique (melhor atriz coadjuvante), não sei o que seria de Preciosa, que num plano geral: é fraco!

Meu top 3 de Alfred Hitchcock

Mestre do suspense e genialidade são sinônimos de Alfred Hitchcock! "A história do cinema está cheia de cineastas que parecem verdadeiros autores - cineastas cuja obra tem consistência de expressão e parece demonstrar, antes de mais nada, o talento artístico e as convicções de uma única pessoa." Hitchcock é uma delas! É inegável que o diretor ainda inspira os amantes da arte e profissionais da área, que sabem dar o devido valor a esse legado; as películas mais angustiantes da história do cinema. Nascido em Leytonstone, Londres, no dia 13 de Agosto de 1899, Hitchcock foi criado por pais rígidos, que o punia severamente. Ele chegou até a ficar preso por alguns minutos, tudo porque contrariou seu pai ao insistir em viajar de ônibus interurbanos. Talvez daí surgiu sua fobia por policiais, tema frequente em vários de seus longas. Quem não conhece os clássicos do diretor, com certeza já ouviu algum comentário sobre ele após a exibição de algum filme de suspense. Fato que ocorreu comigo recentemente quando assisti Ilha do Medo (Shutter Island, 2010) de Martin Scorsese. Todo o clima tenso que compõe as produções de Hitchcock são logicamente acompanhadas por uma trilha sonora, que nesse caso, tem nome e sobrenome, Bernard Herrmann (1911-1975). O compositor teve suas trilhas utilizadas em diversos filmes do diretor, como Um Corpo que Cai (Vertigo, 1958) e Intriga Internacional (North By Northwest, 1959). Mas o marco mesmo foi em Psicose (Psycho, 1960), exatamente na cena em que Janet Leígh é esfaqueada no chuveiro.

Sem mais delongas, indico a vocês agora, três grandes filmes do cineasta, obviamente os meus favoritos.


Janela Indiscreta (Rear Window, 1954)

"A apoteose de todas as fixações psicossexuais ardentes e mal reprimidas de Hitchcock, Janela Indiscreta é também provavelmente (com a possível exceção de Um Corpo que Cai, de 1958) a mais bem-sucedida mistura de entretenimento, intriga e psicologia da extraordinária carreira do diretor" (livro: 1001 filmes). Um fotógrafo de sucesso, vivido pelo incrível James Stewart, é afastado do trabalho por causa de uma perna quebrada, a partir daí ele encontra no ócio um passatempo bem estimulante, o voyeurismo. "Jeff" (Stewart) começa a espiar seus vizinhos através da janela de seu apartamento e usa essa obsessão como um escape de uma relação séria com a estonteamente e mais bela impossível, Grace Kelly. Janela Indiscreta não permite que o espectador desvie o olhar um só segundo, principalmente quando Jeff desconfia que um dos vizinhos matou a esposa. "Nós, os espectadores, somos hipnotizados pelas ações dos personagens, que, por sua vez, estão hipnotizados pelas ações de outros personagens". Além desse mistério envolvente, sensual e dotado de humor negro, a vida entre quatro paredes das pessoas do vilarejo torna-se um atraente para quem está dentro e fora da tela.


Os Pássaros (The Birds, 1963)

É angustiante, claustrofóbico e pavoroso! Os Pássaros não tem uma explicação lógica, afinal, as aves aparentemente dóceis, atacam sem aviso prévio a cidadezinha de Bodega Bay. Esse não é um filme que se explica, mas que se sente. A maioria das cenas, logo após Tippin Hendren ser atacada por uma gaivota, são completamente tensas, já que a intenção dos pássaros é matar. Produzido e dirigido por Hitchcock, o longa é uma de suas principais produções, sendo referência de diversas obras posteriores de outros cineastas.

Festim Diabólico (Rope, 1948)

Festim Diabólico é um filme repleto de experimentações, e nem por isso deixa de ser um emocionante suspense de Alfred Hitchcock. Tecnicamente, o diretor enfrentou muitos desafios, já que o longa foi filmado em apenas um plano dividido em tomadas de 10 minutos cada (o máximo que um rolo podia ter). Para não revelar as emendas, ao final de cada rolo a câmera focava um lugar escuro - na maioria das vezes um paletó – e assim era feita a troca. Hitchcock chegou a chamar o longa de armadilha. Isso porque, com essas técnicas de filmagem, Festim Diabólico era praticamente uma peça teatral, tornando-se um desafio. Contando mais uma vez com James Stewart, a trama se passa dentro de um apartamento, onde dois rapazes, Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger), matam seu amigo David em busca de fortes emoções e pela sensação de cometer o crime perfeito. Os dois escondem o corpo num baú, que vai servir como mesa de jantar na festa que eles organizaram logo após o assassinato. O filme consegue manter a tensão dentro do mesmo cômodo o tempo inteiro, tendo apenas os personagens para manter o suspense da obra. Festim Diabólico é incrível e prova que um filme de conteúdo não precisa de efeitos especiais.

Foi uma tarefa quase impossível escolher apenas três filmes, mas mesmo assim, não posso deixar de citar outras obras de peso do diretor. O Homem que sabia demais (1934), Rebecca - a mulher inesquecível (1940), Interlúdio (1946), Um corpo que cai (1958), Intriga Internacional (1959), Psicose (1960), Frenesi (1972) etc.

A Teta Assustada

(La Teta Assustada, Peru, 2009)
Para mim a oralidade sempre foi uma das formas de preservação cultural mais intrigante das existentes. A possibilidade de repassar histórias, mitos, lendas através da fala é algo muito interessante. Hoje temos vários métodos de armazenagem que substituem a obsoleta máquina humana fadada ao fracasso do esquecimento. Entretanto não há nada que substitua a força das palavras proferidas pelos mais velhos, o que levam os jovens ouvintes a um processo de auto-conhecimento quase material.

O peruano “A Teta Assustada” vem para afirmar a importância da fala nesse processo de imersão experimentado pela personagem principal do filme – imersão em si mesma e na cultura e história peruana. Por fazer uso de canções como válvula de escape para a verbalização de frustrações e traumas, descrevo o filme como um dos mais poéticos do ano passado. Além de ter construído um texto interessante, a câmera da diretora Claudia Llosa trabalha numa sintonia rigorosa com as palavras, o que faz do filme ainda mais especial.

Para quem ainda não ouviu falar de “A Teta Assustada” - o primeiro filme peruano a conquistar o Urso de Ouro no Festival de Berlim e uma indicação ao Oscar - o longa gira em torno de Fausta, uma bela jovem indígena fruto de um estupro ocorrido no início da década de 1980, quando o grupo terrorista Sanderos Iluminados espalhava terror pelas aldeias peruanas, deixando um rastro de medo e traumas - principalmente nas mulheres violentadas.

O título pode parecer um tanto quanto estranho, porém é plenamente justificável dentro da cultura. A teta assustada é o nome de uma doença repassada através do leite materno - uma crendice que vigora até hoje nas localidades rurais peruanas. Dessa forma, acreditava-se que Fausta teria recebido da mãe um legado de medo e terror.

Para fugir do mesmo destino da genitora, cujas marcas da violência permaneceram até os últimos dias no leito de morte, Fausta opta por uma maneira nada usual de se fazer imune a um provável abuso, implanta uma batata na vagina, o que seria suficiente para interromper o coito.

Logo no começo do filme, Fausta tem de lidar com a morte da mãe, sendo obrigada a sair do casulo que a protegia e conseguir dinheiro para custear o enterro da velha índia em sua aldeia de origem. O ritual de passagem acontece simultaneamente ao casamento da prima de Fausta. Temos a rejubilação da família e, ao mesmo tempo, o luto angustiante e solitário da personagem. Os caminhos tomados por Fausta para alcançar o fim desejado – enterrar a mãe com dignidade – fazem-na mais forte em saber lidar com a perda e consigo mesma – com todas as suas imperfeições e fragilidades.

Como plano de fundo do drama vivido por Fausta, existe a crítica tênue à pobreza, às disparidades sociais e, até mesmo, à influência dos países hegemônicos, principalmente os Estados Unidos, no gosto do povo das esferas menos favorecidas do Peru.

Em “A teta assustada” existe uma valorização visível de olhares e tomadas extremamente simbólicas. Os diálogos são poucos e curtos e o ritmo, de maneira geral, é bem cadenciado. O filme conta ainda com uma interpretação mediúnica da atriz Magaly Solier. Se você curte poesia visual, vale a pena conferir! É bem provável que “A Teta Assustada” te agrade!

"Sonhos Roubados"

Cinema Brasileiro de Quinta tão especial que rompe com o meu afastamento devido a alguns trabalhos (que em breve divulgarei aqui) do blog.

Mas tem certas coisas que não resistem ao tempo, como a memória, os sentimentos ou o que vemos. E o que vemos no cinema reflete nos sentimentos e memórias. E desde os anos 50, com grande força nos 60, vemos na tela do cinema imagens que nos remetem a memórias sociais e sentimentos que beiram o incômodo. A angústia de ver certas imagens sentado numa poltrona. Sem ligar para o que ocorre.

"Sonhos Roubados" é um filme que não dá para assistir sem bater essa angústia.


O filme, baseado no livro "As meninas da esquina" de Eliane Trindade, é uma história densa de amizade. "As histórias no livro são separadas e muito densas, de lugares diferentes do país.", disse a diretora Sandra Werneck (Pequeno dicionário amoroso, Cazuza, Amores Possíveis). "Criar uma relação de amizade entre as três ajuda no desenvolvimento dramático sem cair no melodrama", completou.

O filme conta a história de Jéssica (brilhantemente vivida por Nanda Costa), Sabrina (Kika Farias) e Daiane (Amanda Diniz). Jéssica divide seu tempo em cuidar da filha fruto de um relacionamento com um jovem evangélico, do seu avô alcoolatra (Nelson Xavier, muito bem) e de arrumar um dinheiro para manter o pouco que a casa tem e comprar coisas bobas que qualquer um quer. E para isso, ela se prostitui, assim como Sabrina, uma garota sonhadora e apaixonada. Daiane, a mais nova, começa a seguir os passos das amigas, ao tempo que sofre a rejeição do pai (Ângelo Antônio) e a perseguição de um tio pedófilo (Daniel Dantas).

As histórias, tensas e densas, vão se tornando cada vez mais íntimas das personagens. Porém sempre com uma esperança, nesses sonhos. "Mesmo que roubados esses sonhos sempre vão existir", disse a diretora. O filme, com direção precisa, bela trilha sonora, a sempre maravilhosa fotografia do mestre Walter Carvalho que deixa mais belas cenas complicadas, como na chuva, na piscina e com pouca iluminação. A preparação de atores é ótima e foi destacada por Kika Farias. "Todos nos deixaram muito calmos para as cenas de nudez. E eu sempre pensava que era só eu e ele, que não tinha equipe, que não tinha várias pessoas me assistindo por aí..." disse ela, arrancando risos da platéia.


Mas o que mais me chamou atenção no longa foi 1) que apesar de tratar da periferia do Rio, o cenário é muito neutro. Poderia ocorrer em qualquer outro bairro do país com problemas sociais, mesmo na classe média - talvez. E segundo a diretora "se existe garotas sofrendo com os mesmo dilemas, na periferia... sei lá, da Ucrânia... isso vai ocorrer". E 2) o realismo simples que o filme tem. É quase documental (A experiência da diretora com o gênero talvez seja a explicação). Sem um julgamento moral, deixando as decisões para o espectador. O que é muito válido. Sandra Werneck ainda diz: "Os moradores (da comunidade de Ramos, onde o filme foi rodado) se identificou com a realidade mostrada, com o contexto. Não tanto com a trama".

O filme - vencedor do Festival do Rio 2009 nas categorias de Melhor Filme (Júri Popular) e Melhor Atriz - é um retrato que o Brasil finge não ver, ou simplesmente ignora. Indico muito.

O filme entra em cartaz dia 23/04.





Horror em Amityville

Acredito ser meio impossível alguem não conhecer a história de Amityville, mas pra quem não conhece: Ronald DeFeo assassinou de forma brutal sua familia alegando ter ouvido vozes que o obrigaram a fazer, após um ano do ocorrido a família Lutz com seus três filhos compram esta casa e passam por inúmeros acontecimentos estranhos, que em menos de um mês os fizeram fugir desesperados da residência alegando estar sendo assombrada por forças do mal.

História simplesmente ótima, não apenas por ser considerada um fato real, mas tudo o que ocorreu na casa e com os personagens realmente assustam, são situações que te dão medo e angustia por ver que continuam lá mesmo depois de tanta coisa que vai acontecendo, foram 28 dias de tensão e suspense onde a cada dia a força das tais entidades se intensificavam.

Quanto a história, recomendo que leiam o livro de Jay Anson lançado em 77, dois anos após os Lutz relatarem o que havia acontecido, quanto ao roteiro, Horror em Amityville apresenta uma enorme franquia de filmes: A Cidade do Horror (The Amityville Horror, 79), Terror em Amityville (Amityville 2: The Possession, 82), Amityville 3-D (83), Amityville 4: A Maldição (Amityville 4: The Evil Escapes, 89), Amityville 5 (The Amityville Curse, 90), Amityville 6 – Uma Questão de Hora (Amityville 1992: It’s About Time, 92), Amityville 7: Uma Nova Geração (Amityville: A New Generation, 93), Amityville 8: A Casa Maldita (Amityville: Dollhouse, 96), e finalmente Amityville 2000 (2000), um documentário produzido para a televisão, além do lastimável remake de 2005.

Dentre estes já assisti Amityville 6 - Uma Questão de Hora e Amityville 8 - A Casa Maldita, e não são ruins, portanto acho que vale a pena conferir o resto da coleção, porém hoje vou falar do primeiro: Horror em Amityville de 79, lançado dois anos após o livro e baseado fielmente neste.

Começando pelo livro, se você gosta de terror deve ler, ele conta toda a história da família com os detalhes do que ocorreu na casa, diversas situações bizarras que vão te fazer pensar: "Que droga eles ainda tão fazendo lá dentro?"; a minha cena preferida foi a da figura do porco: "Bem atrás da menininha, assustadoramente nítida, via-se a cabeça de um porco! George tinha a certeza de que podia ver dois horríveis olhinhos vermelhos dirigidos para ele!" (trecho do livro Horror em Amityville - Jay Anson).

Atualmente todas adaptações de livro recebem duras críticas e afirmam sempre que "o livro é melhor", este caso não é excessão, porém o nível de fidelidade com a obra original é impressionante, contando todos os fatos dignamente, ótimo roteiro, sofrendo apenas algumas poucas alterações, afinal é uma adaptação, porém acerta em várias cenas, cenas consideradas como um acontecimento fora da história principal aparecem no filme mas elas fundamentam tudo o que está acontecendo, é necessário para o desenvolver do filme.

Horror em Amityville original peca apenas na direção, as cenas foram muito comuns, sem tanto suspense, mas na época esse era o estilo, um foco maior na história do que nas imagens, e mesmo assim é um ótimo terror; já o remake é uma droga, ele simplesmente distorce toda a história só pra mostrar efeitos de fantasmas, acrescentam um drama tosco pra compensar o que tiram da história original, é simplesmente ridiculo.

A cena que eu mais gostei no livro não existe no remake, porque o amigo fantasma da filha do casal é uma garotinha, uma alma do bem que tenta alertá-los do mal que há na casa; no original o tal amigo da criança não é visto, só aparece a cadeira balançando sugerindo que algo estava ali, e em uma bela cena é mostrado os olhos vermelhos de um porco no escuro da janela; depois dessa comparação há mais nada a dizer, o original é uma adaptação quase perfeita da história real do livro, suas sequências talvez não atinjam o nivel do primeiro porém vale conferir, e o remake é um completo lixo que deturpa completamente a história criando um filme fraco e tipico do terror de hollywood.

Horror em Amityville é um terror de verdade que merecia um remake digno, mantendo a história e alterando somente para se adequar nos padrões atuais, com efeitos que agregam valor à história e um suspense que não só assusta, mas realmente dá medo no decorrer da cena. Por enquanto o melhor é mesmo o original de 79, será dificil o cinema do jeito que está fazer algum remake que preste, então vamos curtir os clássicos!

Desejo e Perigo


(Lust, Caution, China, 2007)
Para mim não resta dúvidas! Dos diretores em atividade, Ang Lee é um dos mais refinados, se não o mais. É incrível como ele consegue dar profundidade às cenas, escancarar sentimentos escondidos em olhares e corações que, a qualquer um, parecem indecifráveis. Com "Desejo e Perigo" tive a grata surpresa de me surpreender, mais uma vez.

Nesse longa chinês, de 2007, o diretor de "Razão e Sensibilidade", "O Tigre e o Dragão" e "Brokeback Mountain" mergulha na história do próprio país. Nos apresenta uma China invadida por seu maior rival, o Japão, durante a segunda guerra mundial.

O sistema de dominação japonesa nas principais cidades chinesas era um espinho na carne para os oprimidos. Dentro da própria China, existiam aqueles que se "vendiam" aos inimigos, fazendo o serviço que, na verdade, aos japoneses competia fazer. Chineses nos altos escalões do poder, sustentavam o poderio nipônico sobre a China, desarticulando os movimentos de contestação.

Nessa situação vergonhosa e que envolvia uma disputa milenar onde o orgulho era mais forte que qualquer outra coisa, um grupo de jovens universitários chineses residentes em Shangai decidem montar um grupo de teatro. A intenção era arrecadar fundos para custear as ações de resistência.

Logo, optam por atuar de maneira mais incisiva e prática. Tornam a bela e talentosa Wang Jiazhi (Wei Tang) numa espécie de isca. A missão da moça seria seduzir um dos colaboradores japoneses em Shangai e matá-lo.

O processo de encantamento mútuo é lento e intenso. A dupla de protagonistas é responsável pelas cenas mais quentes últimos tempos. O resultado não poderia ter sido outro, caiu como uma bomba na China. O filme foi censurado e a estreante Wei Tang banida da imprensa chinesa.

Minúcias à parte e sem querer estragar as expectativas de ninguém, volto a falar da classe do diretor Ang Lee já que contei um pouco da história em si.

Em "Brokeback Mountain" e "O Tigre e o Dragão, Lee abusa das tomadas gerais e explora ambientes inóspitos e selvagens - um verdadeiro delírio visual. Já em "Desejo e Perigo" o diretor opta pelos closes fechadinhos que penetram a alma, revelam o medo e o desejo quase irreprimível.

Acho maravilhosas as cenas em que as mulheres jogam aquele tradicional jogo chinês cujo nome não me vem à mente. As mãos dançam sobre as peças. A tensão está presente a todo momento. Uma das cenas finais, onde a câmera acompanha a personagem principal atordoada, sem leme é lindíssima.

Enfim, esse é um tipo de filme que vale a pena conferir. Tudo em "Desejo e Perigo" funciona bem. Desde a bela trilha de Alexandre Desplat e os corretos figurinos e direção de arte até às atuações super convincentes e seguras de Wei Tang e Tony Leung Chiu Wai. A única ressalva é quanto ao ritimo inicial do filme que pode ser considerado um pouco lento por alguns. Pra mim não foi problema!


A Janela Aberta (2002)

A Janela Aberta é um curta brasileiro dirigido por Philippe Barcinski, vencedor de vários prêmios internacionais, incluindo o de Melhor Curta no Chicago International Film Festival 2003 e Festival de Cannes 2002.

Nele é mostrado a mente turbulenta de um homem, que após ter se deitado pra dormir, tenta lembrar se realmente fechou a janela. Repassando cada detalhe do dia, descobrimos algo tão irreverente que até esquecemos da janela.


Todo mundo já passou por isso não é mesmo?
Enjoy!

O Sétimo Selo (1957)

(Det Sjunde Inseglet)
Há meses eu venho criando coragem pra ver esse filme e não sei porque demorei tanto, ontem então, resolvi tirar o atraso e tive meu primeiro contato com Ingmar Bergman. Nascido em Uppsala, na Suécia, em 1918, Bergman - filho de um pator luterano - teve sua infância marcada por castigos psicológicos e corporais, vindo a ser temas recorrentes em suas obras. "Fez um total de 54 filmes, 39 peças para o rádio e 126 produções teatrais, onde seus temas principais eram Deus, a Morte, a vida, o amor, a solidão, o universo feminino e a incomunicabilidade entre casais".
Confesso que os primeiros minutos de O Sétimo Selo foram difíceis de digerir, perdi a concentração 5 vezes e comecei a ver tudo de novo. O filme têm cenas bastante intensas e que dificilmente vai sair da sua mente após assisti-lo; imagine um cavaleiro jogando xadrez com a morte? Sim, a vida dele está em jogo, mas esse jogo vai bem mais a fundo.
Antonius Block (Sydow), um cavaleiro que acaba de retonar de uma cruzada que durou 10 anos, questiona sua fé em Deus e na humanidade. Num silêncio um tanto quanto tenebroso, um homem vestido de preto aparece diante de Block, que pergunta: "Quem é você?", "Eu sou a morte"! A tensão toma conta do cenário porque a "partida" vai durar praticamente o filme inteiro. Com diálogos simples, mas ácidos e engraçados, cada personagem ganha uma importância diferente, ao entrar na vida de Block durante sua caminhada. Um malabarista alegre (Nils Poppe), sua mulher de beleza incontestável (Gunnel Lindblom) e o bebê, que desenterra o sentimento de inocência no filme, ao estar sempre rindo e brincando com a mãe. Os três se juntam a Antonius para fugir da peste, mas a família salva a si mesmo no momento da dança da morte.
O Sétimo Selo foi feito pra chocar, não devido as cenas fortes ou por tratar da morte/Deus tão abertamente. Mas sim, porque os questionamentos feitos por Block, são comuns até hoje! O seu personagem chega até a se aproximar de uma bruxa que está prestes a ser queimada, só para perguntar ao Demônio o que ele sabe sobre Deus, caracterizando assim seu desespero, que parecia estar a frente da sua própria vida que estava em jogo.

O Sétimo Selo é um filme que deve fazer parte da lista de qualquer cinéfilo! Espetacular!
Confira também um artigo sobre a obra!



Título original: Det Sjunde Inseglet
Gênero: Drama
Duração: 96 min
Ano de lançamento: 1957 (Suécia)
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro:Ingmar Bergman, baseado em peça de Ingmar Bergman
Produção:Allan Ekelund
Música:Erik Nordgren
Fotografia:Gunnar Fischer
Direção de arte:
Figurino:Manne Lindholm
Edição:Lennart Wallén
Elenco: Max Von Sydow , Gunnar Björnstrand , Bengt Ekerot , Nils Poppe , Bibi Andersson

Os Homens Que Encaravam Cabras

Título Original: The Men Who Stare at Goats
Gênero: Comédia
Duração: 94 min
Ano de lançamento: 2009
Direção: Grant Heslov
Roteiro: Pete Straughan,
baseado em livro de Jim Ronson
Produção: Grant Heslov, George Clooney
e Paul Lister
Música: Rolfe Kent
Fotografia: Robert Elswit
Direção de arte: Peter Borck
Figurino: Louise Frogley
Edição: Tatiana S. Riegel
Efeitos Especiais: CIS Hollywood
Hirota Paint Industries

César
Vou jogar na real: Não gostei de "Os homens que encaravam cabras". O filme tem seus pontos altos, como as atuações de George Clooney e Ewan McGregor. A parte isso, nem sei o que dizer; a história não me chamou a atenção e acho que a presença do nosso querido Kevin Spacey, deveria ter sido melhor aproveitada.

André
Uma base militar onde a brutalidade e a selvageria eram postas de lado. As estratégias de combate de um segmento do exército norte-americano no inóspito Iraque, consistiam no uso nada convencional dos poderes psíquicos e não na utilização das armas de fogo que, convenhamos, é tiro e queda, literalmente.
Já parou para imaginar isso? Em "Os homens que encaravam cabras" me deparei com algo muito estranho. O roteiro do filme não é produto da mente de um ser perturbado pelo uso de drogas pesadas. Logo no começo temos um aviso que descarta a ideia de "é tudo mentira": "Há mais verdade nisso [naquilo que estamos prestes a ver] do que você acreditaria".
O filme é centrado nas andanças do jornalista Bob Wilton (Ewan McGregor) e do atrapalhado soldado Lyn Cassady (George Clooney) pelo deserto iraquiano onde acontece uma série de desventuras que servem para desnudar, aos olhos do espectador, os pilares que sustentam o enigmático Exército da Nova Terra.
"Os homens que encaravam cabras" tem um humor refinado e bem sutil. É, em certos momentos, anárquico. Mas a graça não está no filme em si, mas em pensar que parte daquela loucura tem lugar nas páginas da história americana e mundial - história não muito conhecida, diga-se de passagem.
O destaque fica por conta do elenco. Um senhor elenco que além de McGregor e Clooney, conta com Jeff Bridges, Kevin Spacey e as cabras, né?!
Obs: Para não te deixar em parafusos adianto: as cabrinhas, coitadas, eram as cobaiais.

Alex
Em poucas palavras, o filme pode ser resumido em criativo e inspirador. Uma comédia não convencional com ótimos atores e uma mensagem muito boa, apesar de não ter gostado de algumas citações a experiências com animais por militares, no geral a história é bem interessante, pelo menos a mim prendeu do começo ao fim.
É um filme sobre ter fé no que você acredita, e persistir, continuar sempre seguindo em frente sem desanimar caso a maioria a sua volta reprove seu modo de pensar. Essa idéia foi muito bem representada no filme pela referência aos "Jedis", título dos soldados que se utilizam do poder da mente nas suas batalhas; o roteiro foi muito bem feito, um ótimo equilibrio com as cenas engraçadas, de ação, os flashbacks, tudo mantendo o ritmo da história.
Para quem ainda tem receio de ver o filme, recomendo muito que veja, vale muito a pena!

Denise
Primeira dica: não leve esse filme a sério; quem sabe assim você não consegue achar pelo menos divertido. Nos primeiros minutos o espectador já é alertado: "Há mais verdade nisso do que você acreditaria". Pois bem, eu não acreditei em nada, achei tudo uma baboseira e realmente não curti o filme. Mas Os Homens Que Encaravam As Cabras tem o seu lado positivo, que de início até me rendeu algumas risadas.
O roteiro é baseado na "missão" de um homem misterioso (George Clooney), que afirma fazer parte de uma unidade experimental do exército americano, ele então encontra o jornalista Bob Wilton (Ewan McGregor), louco para dar um pouco de adrenalina à profissão. Muitos podem ignorar um dos fatos principais dessa história: a guerra do Iraque, que é atual e tem assunto de sobra para dar um cutucão no governo americano.
Grandes atuações, destaque para Clooney e Bridges! Os Homens Que Encaravam Cabras é bastante excêntrico e sarcástico, mas após uma hora de filme chega a ser desesperador, você vai implorar para que acabe logo.

O Bebê de Rosemary

Para sair um pouco dessa chuva de remakes e continuações hollywoodianas, vamos visitar um terror antigo, um clássico: O Bebê de Rosemary, dirigido e adaptado por Roman Polanski, baseado no livro de Ira Levin. Considerado por muitos uma obra prima do terror, é um filme onde acerta em diversos aspectos.

Pra começar é muito interessante observar essa mudança no cinema quanto ao gênero, hoje em dia o terror é focado na quantidade de sangue, em O Bebê de Rosemary é tudo focado na história, literalmente tudo, não há cenas que chocam mostrando uma carnificina explícita ou algo bizarro, ou qualquer coisa que assuste, é simplesmente uma história voltada à realidade, onde situações estranhas acontecem dentro do plano real, sem fantasmas ou sustos falsos, nada sobrenatural.

O roteiro é baseado nisso: um terror psicológico com suspense durante o desenrolar do drama, e ainda com uma temática forte citando demônios e bruxaria, isso somado com a ótima direção favorecendo o suspense, criou-se um filme bem peculiar. Eu mesmo não vi nada de obra prima, só um filme diferente que não chega a ser um terror, apenas trata de uma forma sombria o desejo de uma mulher em ser mãe e os obstáculos que ela encontra; merece sim reconhecimento, além pelos pontos fortes já citados, pela originalidade, ao ver você percebe que diversos filmes se inspiraram neste.

Se você espera um terror com cenas marcantes, algo surpreendente, vai se decepcionar muito, o filme vale principalmente pela história bem desenvolvida e pela direção incrível, de resto é um filme longo onde o melhor é a ultima parte, quando Rosemary desvenda os segredos de seus vizinhos e seu estado mental explode numa paranóia que a leva para o final tendo que confrontar o destino de seu filho com seu desejo de ser mãe.

É um ótimo filme visto pelo lado técnico, e um bom exemplo de como antigamente filmes de terror tinham mais conteúdo, tinham um roteiro, enfim, era um filme de verdade, não apenas um amontoado de efeitos especiais para te assustar e encher a tela de gore.



Próxima sexta tentarei comentar algum terror estrangeiro, até!

Mother - A Busca Pela Verdade

(Madeo, Coréia, 2009) 

Como vocês já sabem, o Daniel Corrêa, responsável pela coluna 'cinema nacional', não vai poder colaborar com o cubo crítico por alguns meses. Para o blog não ficar defasado, convidamos o André Martins para nos ajudar. Coluna: Filme estrangeiro! Enjoy :)

Numa pequena e pacata cidade coreana um crime irrompe com a rotina de sossego da comunidade local. Uma jovem é covardemente morta, e seu corpo é abandonado no cercado do terraço de uma velha construção. Todos os indícios levam a polícia, já desacostumada a lidar com assassinatos, a um único culpado, Do-Joon (Won Bin) um jovem com disfunções mentais que perambulava pela cidade na companhia de um amigo de caráter um tanto quanto duvidoso. A ineficiência das autoridades locais na investigação do caso faz com que a personagem de Kim Hye-ja, uma mãe amorosa e extremamente zelosa, vá , ela mesma, em busca das evidências que pudessem livrar o filho da cadeia.

Numa verdadeira saga pela verdade, a mãe frágil e simples dá espaço para a emergência de uma mulher dona de uma força monstruosa, de um amor febril e voraz e uma certeza incontestável. O filme tem muitos atributos. O roteiro foi muito bem costurado, é de colocar inveja em qualquer roteirista bem sucedido nos filmes do gênero suspense. A direção firme de Bong Joon-ho conduz a trama a um final excepcional. A dupla de atores principais, Hye-ja e Bin, fazem um trabalho magnífico e irretocável. Para finalizar, quero chamar a atenção para a qualidade das cenas onde o suspense é empregado. A cena da garrafa é de fazer qualquer filho de Deus prender o ar nos pulmões.

Não foi atoa que o filme levou três prêmios no Asian Film Awards, principal premiação do cinema asiático. Foram eles: melhor filme, roteiro e atriz.

"Mother" é aquele tipo de filme que te leva a lugares que nunca queremos ir e desperta (ao menos despertou em mim) sentimentos contraditórios. Um belo filme, cujo final me deixou perplexo. Esse é um dos representantes do cinema estrangeiro que me fizeram acreditar que Hollywood tomou um verdadeiro banho do resto do mundo no ano passado.



Título Original: Madeo
Gênero: Drama
Ano de lançamento: 2009
Duração: 128 minutos
Diretor: Bong Joon-ho
Produção: Choi Jae-Won, Park Tae-joon, Seu Woo-sik
Roteiro: Park Eun-kyo, Bong Joon-ho, Park Wun-kyo
Fotografia: Hong Kyung-Pyo
Trilha Sonora: Lee Byeong-woo
Elenco: Won Bin, Kim Hye-ja, Jin Ku.