Nine

Se há algo que aprendi nesses últimos tempos é: Não julgue um filme pelos atores, trailers e pelo diretor.

É implorar para se decepcionar.

E foi assim com Últimos Dias de Gus Van Sant, agora estou me preparando para ficar novamente decepcionado com A Hora do Pesadelo, remake dirigido pelo estreante nos longas, Samuel Bayer (que eu já admirava após o vídeo de Smells Like Teen Spirit do Nirvana, com certeza a melhor musica deles), mas o filme em questão é Nine, de um dos meus diretores favoritos, Rob Marshall.

Antes de dizer a você o que achei de Nine, vou dar uma leve relembrada na filmografia de Rob Marshall:

- Chicago, que para mim, dispensa comentários.

- Memórias de Uma Gueixa; não era exatamente o filme que todos esperavam, mas me agradou muito, e acho que prova que Rob Marshall, assim como Tim Burton, quando faz um trabalho que poderia ter feito melhor, consegue se sair muito melhor que a média.

Então assim que eu coloquei os olhos em Nine, foi amor a primeira vista.

Todo o elenco dispensa comentários, três trailers haviam sido divulgados e só fez minha expectativa crescer, até que chegou o momento.

E para você ter uma noção do que eu passei; assim que o filme começou, a primeira cena envolvendo um magnífico cenário inacabado, aquelas dançarinas e cada personagem feminina surgindo diante de seus olhos de formas um tanto criativas, eu pensei que toda minha expectativa teria resposta, mas o futuro nem sempre guarda boas coisas.

E... Tive que parar o filme quase no meio para ir fazer alguma coisa, tamanho o meu tédio e voltar a assisti-lo.

Nesse intervalo eu pensei em Guido Contini como um alter ego de Rob Marshall; seus primeiros filmes sendo um sucesso, mas com os que viram em seguida não tão bons assim, tanto que um dos personagens diz assim para o diretor:

Eu assisti alguns de seus filmes, os bons.

Com certeza o filme tem belas cenas musicais, Be Italian, de Fergie tem a melhor coreografia e Take It All de Marion Cotillard empolgando, mesmo os números de Penélope Cruz (que foi até indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), Judi Dench, Sophia Loren (em um belo cenário) e as outras garotas premiadas do elenco são excelentes, Daniel Day-Lewis também não fica para trás.

Mas isso tudo só confirma uma coisa que já sei desde 2002; o talento de Marshall nas coreografias e no manuseio da câmera nos musicais.

De resto tudo o que vemos é uma competição de botox, acirrada alias, entre Nicole Kidman e Sophia Loren, esta que como Judi Dench deveria aceitar sua idade e um filme parado demais. Coisa que um musical jamais deveria ser.

Na minha opinião, um dos principais responsáveis pela minha decepção foi Maury Yeston, suas canções não tem nada demais, algumas chegando a serem até sem graça.

Além das cenas musicais e do belo começo, o filme apenas voltou a me empolgar justo no final, quando vemos os atores do filme maquiando-se, o jovem Guido andando entre os camarotes (Andale, andale), Guido conversando com um casal de atores e ao fundo, as mulheres de sua vida surgindo logo atrás dele.

O elenco esta com ótimas interpretações, Marion é a melhor com certeza, Fergie parece bem a vontade no papel de Saraghina, Nicole e Sophia mostram uma certa falta de expressão, Kate Hudson consegue se destacar em seu pouco tempo de projeção dando a abordagem certa a sua personagem, Penélope interpreta de forma muito convencedora, mas é deixada atrás por Marion, e Daniel Day-Lewis da a abordagem na medida certa a Guido, fazendo brincadeiras nas suas entrevistas para tentar tirar foco de seu filme sem roteiro, tentando disfarçar o desespero que sente.

Um belo elenco. Bela coreografia. Rob Marshall. Roteiro parado de Michael Tolkin e Anthony Minghella. Uma decepção.

2 comentários:

André disse...

E aí, Leonardo.. beleza?!

Gostei muito da sua análise! É mais ou menos o que penso também! O grande problema de Nine é o roteiro, extremamente falho e vago.

Com certeza a Marion é a melhor ali! Mas gostei da ponta que a Nicole faz. Ainda espero que ela se recupere e volte com força total, pois é uma boa atriz!

Acho um absurdo terem indicado a Penélope que não chega aos pés da Cotillard!

A respeito das canções, rs.. são muito ruins mesmo! As únicas que salvam, na minha opinião, são as da Marion (My Husband Makes Movies, principalmente) e a da Nicole (Unusual Way).

Direção de arte e figurinos muito bons!

Enfim.. é um filme medíocre levando-se em consideração a força do elenco e a grana envolvida na produção do filme.

Parabéns pelo texto!

André disse...

Infelizmente não pude interromper a projeção do filme, pois o vi no cinema, rs.. o que me deixou de consciência pesada por uns dois dias, rs.