Coco antes de Chanel (2009)


Definitivamente! O sofrimento só pode ser um pré-requisito básico para a posterior ascensão pessoal. São muitos os personagens da vida real ou da ficção que cortam um dobrado para depois serem reconhecidos e respeitados.

A história da estilista francesa Gabrielle Bonheur Chanel, ou apenas Coco Chanel, só é mais uma das tantas que fazem qualquer infeliz se animar, mesmo depois de comer mais uma fatia do pão em que o diabo insiste sapatear.

Brincadeiras à parte, a história de Chanel é uma inspiração. Para quem não a conhece, Coco foi abandonada, pelo pai, juntamente com a irmã em um orfanato católico. A menina aprendera desde os sete anos como a vida podia ser inflexível e dura. Ao longo da infância e parte da adolescência esperou pelo retorno de um alguém que nunca mais voltaria a ver. Após deixar o orfanato, as jovens passaram a ter de encontrar os meios para a própria subsistência: costuravam ao longo do dia e cantavam na boemia das noites parisienses.

O subúrbio da cidade das luzes era o lugar de uma jovem resignada e de gênio extremamente forte que seria considerada, por muitos, como a primeira mulher moderna de que se têm notícias.

E não é exagero! Além de romper com o classicismos que se estendia à moda do início do século XX (nos vestidos longos, pomposos e de matizes fracas), Chanel era uma mulher de comportamento nada usual no contexto em que viveu. Tinha um espírito de contestação que refletia da maneira de lidar com o amor ao sexo. Apesar de ter se apaixonado, nunca se conformou com a submissão feminina apregoada pela doutrina cristã. Fumava, bebia, questionava o poder patronal e não tinha medo de muita coisa, inclusive de montar a cavalo com as pernas separadas pelo dorso do animal.

A tarefa de dar vida à essa mulher que podia engolir qualquer igual do sexo oposto com o olhar penetrante, ficou a cargo da bela e competente Audrey Tautou, a eterna Amélie. A atriz, também francesa, está impecável!

Como o título aponta, o filme apresenta, de maneira bem resumida, a emergência de Coco na moda francesa e mundial. Mostra também o breve relacionamento entre a estilista e o magnata Balsan que chegava a escondê-la dos amigos devido à falta de modos da moça. Ahh e o que é fundamental para as mulheres: tem romance sim e é quase impossível não sentir algo diante de um devotamento tão puro entre Chanel e Arthur Capel, o Boy – seu maior amor.

O filme, assinado pela diretora Anne Fontaine, é realmente belíssimo. Figurinos, como era de se esperar, magníficos; uma das trilhas mais bonitas dos filmes do ano passado; e atuações muito consistentes. Obra feita com rigor e uma estética apurada; coisas que só mesmo uma mulher conseguiria unir em um produto cinematográfico de maneira tão harmônica e convidativa.

Aproveitem!

3 comentários:

Andressa Resende disse...

Chanel realmente foi uma mulher incrível!
André, parabéns! Seu texto realmente fez com que eu me sentisse um pouco dentro da história da que, para mim, foi e é a maior estilistas do mundo!

Rafael Sandim disse...

Além de uma história interessante, o filme funciona. Adorei o texto e o longa.

Anônimo disse...

Não entendo muito de filmes, mas seu texto está excelente, e para uma leiga como eu, dá para ter uma noção muito clara do que se trata.